Laços sem nó
Daqueles profundos amores, inconfundíveis pelo marcar dos ritmos cardíacos.
Outros são impostores, feito os dissabores causados pelas brigas dos egos feridos.
Uns são fraternais, costurados pelo dom do destino naquilo que ele sabe bem fazer.
Outros são meros trâmites matrimoniais que, se não fossem as imposições sociais, nem teriam o porquê de haver.
Um é a vontade qualificada no amor, a ser selada pelo enredo do Divino-querer.
Outro pode ser só solidão, carência ou vazio interno para sentir que, ao menos, tem alguém ao lado.
O amor é a verdadeira "pulsão" anímica, que nem sempre pode se concretizar, mesmo sendo um doce chamado.
Cabia ao ditado dizer, aos outros sentimentos, que antes só do que alimentar o que já nasceu findado.
Um é o vínculo de alma, que não se resume à mera aparência, cuja a intensidade, de logo, o denuncia.
O outro é trato conveniente, é o silêncio mútuo driblando a superficialidade estampada na verdade do dia-a-dia.
Um é laço sem nó, que lacra o coração sutilmente e não faz embaraço.
O outro é o auto-engano nascido no conforto da desculpa que se dão, é nó de laço.
P.s.: Vide conceito de Pulsão em Sigmund Freud (1915).
Maísa C. Lobo
26/02/2022
6:35h