Desirée
Toda noite eu te procuro,
Cais que desvirgina o escuro,
Sobreexcendendo a fresta
Para o quarto em festa.
Das palavras soturnas,
Cravo um todo luminoso:
As veias, o pulso, a letra.
Às sombras do impulso
Rema rimadora silhueta.
No molhar dos versos
Afoga o teu rosto,
Nomeia o teu fruto,
Semeia o teu gosto.
Fonte de água e ar puro,
Curvas rodovias,
Saber e floresta
Flor e filosofia.
Todo dia eu te procuro,
De resto o tudo
Me resta contigo absoluto.
Com manso desespero
Reviro o avesso,
Atropelo o tropeço,
Volvo a voltar do começo,
E então eu te procuro.