Colcha de retalhos
É não esquecer o teu sorriso, a tua dança
É não esquecer os teus gostos, os teus beijos
É não esquecer as tuas cores, teus abraços
É não esquecer o teu olhar, os teus desejos
É não esquecer teus acessos, tua permissão
É não esquecer teus encantos, tua paixão
É não esquecer tua calma, a tua pressa
É não esquecer tua liberdade, tua prisão
É não esquecer teus sonhos, teus pesadelos
É não esquecer tua fome, tua sede
É não esquecer a hora e perder a hora
É não esquecer de andar descalço contigo
É não esquecer do teu abrigo, do aconchego
É não esquecer do teu sol, do teu calor
É não esquecer do teu sopro, do teu vento
É não esquecer do teu alívio, da tua chuva
É não esquecer do que te vale, dos teus detalhes
É não esquecer do teu sono, do teu despertar
É não esquecer da tua voz, do teu silêncio
É não esquecer da tua vingança, do teu perdão
É não esquecer do sexo, do tesão
É não esquecer do que te descreve, tua síntese
É não esquecer do que percebes, do que te atormentas
É não esquecer do que te emputece, do que te deixa feliz
É não esquecer das lágrimas que lavam teus olhos
É não esquecer que somos pra sempre no Universo
É não esquecer do limite que nos faz atingir o impossível
É não esquecer da música que lembra que existimos
É não esquecer que nos tatuamos nas nossas almas
É não esquecer que o tempo só existe aqui
É não esquecer de eu e você
É não esquecer do aniversário e não saber ao certo a idade
É não esquecer do presente e estar sempre presente
É não esquecer dos nossos sons mais íntimos
É não esquecer do que escrevo, do que falo
E nessa colcha feita dos nossos retalhos me aqueço de nós.
Paulo Mauricio
24 dez 2021