O TORVELINHO DA REALIDADE

Á escritora e poetisa Cassia Caryne Castro Araujo.

Minha vida estava me levando por caminhos

tortuosos, onde me sentia infeliz e derrotada.

Estava me tornando em uma grande pedra verde,

vestida de musgo, lodo e uma grudenta lama.

Estava vivendo sem caprichos na lida diária,

e sentia me como uma casa centenária em demolição.

O mato, tão indomável nessa época de atribulações,

tomou conta de todo o meu interior aflito,

como um tempo escuro, de abundantes chuvas de lágrimas.

O medo não me deixava seguir a diante.

Para mim, tudo parecia assombrado.

As lembranças que eu tinha, eram muito ralas.

Pois boas, apenas uma ou outra teimava em existir.

E estas, fazia doer mais ainda meu coração,

fazendo me lamber a água salgada dos olhos,

que riscava minha face em fria lágrimas,

cheias de saudades e lembranças.

Hoje, eu pisei na terra, com firmeza e coragem.

Senti forte e rígidos todos os meus pilares.

Senti, como há muito tempo, não me sentia tão bem assim...

Senti, como se estivesse sendo seduzida no paraíso.

O torvelinho da realidade puxou-me para dentro de mim.

Eu naufragava, mas consegui nadar com o grande desejo de viver.

Em minha frente abriu se um clarão jamais visto na terra.

O trem da amargura havia passado dizendo me adeus em seu apito,

àquela época de tristezas e dor.

Respirei bem fundo, olhei-me no espelho e percebi quão bonita estou.

Para todo lado que olho, só vejo entusiasmo e novos horizontes.

Peguei firme à mão de um novo sol e sai com a elegância

de quem aprendeu o verdadeiro sentido de viver em paz.

Chamei o tempo presente e disse lhe, docemente:

- Estou aqui e quero viver o agora, um dia de cada vez.

Estação do Cercado (MG), 22 de fevereiro de 2022.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 22/02/2022
Código do texto: T7458252
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