Célia quer voar.

Célia quer voar.

Célia olha pela janela, e quer pular, mas não sabe voar,

quer ver as gaivotas no céu, ver nuvens cor de neve passar.

Quer se jogar em alto mar, pra virar sereia, brincar de nadar,

contar as conchas na areia, ver na beira da praia as estrelas do mar.

Quer subir ao céu, e virar uma estrela, subir ao infinito pra brilhar.

Ver no céu todos os planetas e com o retorno de Saturno poder voltar.

Vai ao norte e se orienta, tem sede e quer percorrer o deserto,

quer nadar e não se afogar, contar uma história de ninar

antes do Conan dormir, quer deixar de ser uma menina,

para acordar e se transformar em uma mulher.

Quer dormir a noite inteira e de manhã olhar no espelho,

lembrar dos sonhos que teve e perder o medo de tentar.

Quer respirar o ar que liberta, sentir o vento nos seus cabelos,

sentir o coração parar só de sonhar e finalmente começar a voar.

Mas, antes ela sabe que tem que fincar os pés na terra e viver a

realidade que nos cerca e que deixa seu coração triste, e se desespera.

Então, ela pulou da janela sem esperar,

e da sua casa cor de rosa com plantas na varanda,

viu o filme da sua vida inteira passar em um segundo,

e o final todos sabem, ninguém desafia a lei da gravidade.

Eis que surge um anjo alado e com ela divide as asas,

e dois se tornam um, almas gêmeas ou espíritos afins.

Isso ninguém pode dizer nada e nem é possível explicar,

mas agora seus sonhos tem asas, ela pode voar,

fico aqui embaixo esperando ela voltar e me levar,

já que agora os seus pensamentos e sonhos podem ir além.

E quem pode voar não se permite ter limites, pois o horizonte

é o limite dos olhos, e o infinito é apenas um véu pra se descortinar.

Vai, leva teus pensamentos e voa,

mostra a menina que criou asas.

Mostra teus sonhos,

e conta a tua história.

Faz da liberdade a tua chama,

e mostra que para quem acredita,

não há impossível que não se possa realizar.

Ricardo di Paula, 30/10/07. AM 13:30.