Versos Sublimes e Descarados Para Ícaro
Eu dancei com pares afoitos
Tal descompasso, fez-me também afoito
Com toda a força que já era pouca
Eu carreguei a cruz do meu desejo
Há perguntas isoladas
Que só o encontro de lábios responderiam
Carne, esquiva, quentura no intervalo dos teus dedos
Parto prematuro, o amor é uma vontade e partida eminente
A infantaria dos meus olhos dispara contra os teus
A toda a sorte, espero que sobreviva
Espero aceites a dívida que tenho com a paranoia
Fazendo dela minha senhora, companhia e devoção
Eu sou apenas um eco de alguém que te quis
Um rosto cansado para esquecer
Quiçá, uma memória tua hesitante
Presa a sorte da roda da fortuna
Apesar de tudo, eu canto para teus ossos
Vide a mim, ante a guerra que prometo
Morrer é melhor do que viver longe do teu encanto
Que a esta altura já celebra décadas e assombros
Premeditado delírio, a cova e a intimidação
Teu fígado é uma cova aberta de intenções
O território infértil dos teus sonhos
Sonhando o sonho infantil dos outros
Pesa em meu corpo
A fábula dos teus olhos descasos
Me aceitando, me temendo
Me atraindo para os bosques de línguas agulhas
As taças que empilho, metade são sobre minha inadequação
Metade é sobre você, aliás, teus efeitos sobre mim,
O resto eu fico divido a qual santo vou comemorar o meu azar
Se me guardo a vontade de Santo Antônio ou me entrego em encruzilhadas