O ALÍVIO
Enquanto a febre arde,
Olhamos o frio como desejo,
Quando se quer a tarde,
Temos a noite como ensejo.
Enquanto se sofre de frio,
A lareira como aconchego,
Seria o máximo do desvario,
Termos o contrário como apego.
Enquanto a febre se acalma,
A vida ganha novo desvelo,
Busca-se fundo na alma,
A força para tentar removê-lo.
Enquanto se retorna á vida,
O respirar torna-se menos avesso,
A boa nova então nos convida,
Que não sejamos tão travessos.
Enquanto se respira brando,
O ar nos violenta intenso,
Pelos pulmões adentro quando
O alívio já nos é extenso.
1.995