Quando o amor não basta

Um ritual de passagem,

Um salto no ar, queda livre,

A perda da inocência,

Um dragão invencível... tatuagem.

Incoerência?

Reticência, resistência,

Virtudes urgentes,

Quando o amor não basta.

A dor - um imposto por viver.

E de tantos impostos, em altos e baixos, alegrias,

Destempero e frustrações, uma verdade nefasta:

Aprende-se.

O estorno do imposto é experiência,

Aprende-se a driblar a ingenuidade,

Aprende-se a viver de verdade,

Justamente...

Quando o amor não basta.

Eu queria ser criança de novo,

Queria não ter crescido, tudo era possível.

Hoje me fazem repetir que nada é impossível,

Somente para reforçar a impossibilidade de tantas coisas...

Eu queria não ter percebido, mas é tarde.

Agora eu sei. Fiz a passagem.

Love is not all you need, John.

Um engano comum,

Achar que o amor cura todos os males.

Mas o amor, quando adoece,

Não pode curar a si próprio.

É preciso saber cair e levantar.

Tolerar, perdoar, libertar para ser livre.

É preciso ver... Não! Antever.

E rever.

Rumar e ajustar o rumo.

Amar não é opcional,

E não basta.

O amor é fundamental,

Mas, se for somente amor,

Vai se estragar.

É necessário mas não suficiente.

Que outra cruel verdade pode doer mais do que essa?

Tivesse eu a inabalável confiança que outrora tive,

Um tempo precioso...

O tempo de criança, aurora da vida,

Seria feliz por não saber.

Seria confiante: um coração indestrutível!

Ah, que dor pungente, essa que advém

Da capacidade de recordar a própria infância,

E ter a certeza de que não me tornei nada do que eu queria.

Tudo que eu realizei não foi sonhado,

E o que sonhei permanece etéreo,

Ah, como eu queria simplesmente não saber.

Quer me parecer que a ciência das coisas deprime.

Um pouco de ignorância me protegeria.

Mas não há caminho de volta.

Simplesmente... agora eu sei.

Quantos dragões ainda por vir ?

The dream is over, isn’t it John?

The war is not over.

Cada dia é uma batalha que se inicia

já na trincheira da cama em que não consigo dormir.

Eu queria não ser esse dínamo.

Queria pensar uma só coisa de cada vez.

Queria não saber o que eu sei

e não ser capaz de cogitar o que não sei.

Como dói minha cabeça...

Como dói tudo o que não tem solução!

Eu queria que as melhores canções não fossem

[um artístico efeito colateral da depressão de alguém;

E eu cantaria junto,

Sem a culpa de me identificar com esse lírico sofrer.

Weber Palmieri
Enviado por Weber Palmieri em 08/02/2022
Código do texto: T7447830
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