Meu cupido
Ele precisava acreditar no amor. Não esses amores rasos que havia mergulhado durante toda sua vida, não existia mais espaços para os verenaios.
Sentado em um sofá extremamente confortável durante a revisão de 40 mil quilômetros de seu carro escrevia sobre o que esperava do futuro incerto e dos acasos em que insistia não acredita. Não era esperança que o movia, mas sim a certeza que em algum lugar do mundo um amor tão extravagante quanto o dele estava à espera.
Ele insistia em acreditar no amor, mas estava cansado, com medo, machucado; amores vieram e se foram com tanta rispidez que ele havia se transformando em um [per]seguidor de sinais e a qualquer sinal de amor emergente, ele partia. Havia partido tantas vezes que poderia ganhar um diploma, uma medalha, era o melhor fugitivo que já houvera conhecido nos meus milênios de existência, também era um excelente jogador de xadrez e foi isso que fez, começou a jogar com a vida, mas havia perdido mais vezes do que ganhado.
Nele havia uma amargura tão triste, uma armadura tão firme e dentro de tudo aquilo um amor tão bonito, era uma pena que desacretitasse com tanta facilidade nas pessoas e também complicado meu trabalho por tanto tempo.
Inegável as incoerências do destino e surpreendente que numa tarde qualquer, longe da minha atenção ele houvesse a conhecido, sem emergência aparente, sem borboletas no estômago, mãos não suaram com o gélido medo do desconhecido. Tudo transcorrerá como não planejado e me assusto toda vez que recordo.
Ela havia lhe beijando no instante em que apareci para apreciar a cena, lábios se tocaram e confesso que nunca houve tanta emoção em um beijo não programado. Corações ritmados e entristecidos haviam se encontrado, bailavam sem pressa aquela ode ao amor inapercebido que surgirá, foi a segunda vez em séculos que havia presenciado aquele acontecimento e me senti preenchido como a muito não sentia.
O amor havia os encontrado sem pressa, por acaso e sem confusão;
Agora me pergunto se minha vida faz sentido,
afinal o que faz um cupido que não flecha o amor.
Paschoal, George