Corpos poéticos

São sei lá que horas da madrugada

e meu bem... a prosa dos meus lábios

se confunde com a poética dos teus olhos,

que são folhas de rosto

dos meus poemas.

Fechaduras

Molas elásticas

que me comprimem em cápsulas

e me fecham no silêncio

do velho provérbio eclesiástico.

Não me conheço de longe.

Nem te conheço de perto.

Sou serpente, víbora do deserto

junto a profecia dos loucos

que são nuvens náufragas

em pelugem de ilhas

e versos sem afago.

Tudo é muito mudo

quase mundo, sem sentido.

Poucas folhas

e o teu rosto se mistura

aos cumprimentos de ondas

que os meus pés fazem na areia

juntando as linhas dos teus cabelos

às estrofes virgens de minhas mãos

formando as curvas das ondas

e dos eletrocardiogramas.

Recorto letras

Junto peças

Desenho rostos

Desconfiguro o poeta

e faço o melhor teatro.

Sou duas máscaras

e sou teus dois olhos yin-yang!

Sou o equilibrista maluco

no circo dos astros.

Eu só tenho desgosto.

Não sei de poeticidade.

Acho um saco...

mas não escrevo em saco

somente soco folhas de rosto.

Tuas curvas sacanas

e tuas mordidas de areia...

me incendeiam,

me turvam em versos de estrela

e canções ciganas.

E voo. Eu vou nessa tua asa de cometa...

rasgando folhas de rosto e camas

com essa calda de sereia.

Serei sol ou lua desse planeta?

Serei nada. Serei um saco.

Talvez, com sorte, um anel de poeira...

Talvez, sem arte, o vácuo.

srpoetrus
Enviado por srpoetrus em 07/02/2022
Código do texto: T7446834
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.