O Café

Quão esbelto amargor

Em efervescentes vapores

Que ebulem ao ar frígido

E tornam nulas grandes dores

Eis a fina porcelana

Contemplante à neblina tardia

Que oculta o sol estridente

E penumbra o silêncio do dia

Tão nobilíssimo entardecer

Embebe o pires que bebe a neblina

Causando tão sereno agradar

Que ao negro luar fascina

E sobre a maciça madeira

Repousa o café gracioso

Que robusto e fervente

Se fez morno e amoroso

P'ra valsar à boca nobre

E internamente aquecer

Felicitando os maus dias

Reanimando o morto viver

Belíssima obra da criação

Torrado e moído, aquoso e aquecido

Toma-lo-ei até o último dia

Rendendo graças em o ter conhecido

À flavona embebida, eu digo:

"Valse no nosso café amigo".

Basilium
Enviado por Basilium em 07/02/2022
Código do texto: T7446799
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