O Café
Quão esbelto amargor
Em efervescentes vapores
Que ebulem ao ar frígido
E tornam nulas grandes dores
Eis a fina porcelana
Contemplante à neblina tardia
Que oculta o sol estridente
E penumbra o silêncio do dia
Tão nobilíssimo entardecer
Embebe o pires que bebe a neblina
Causando tão sereno agradar
Que ao negro luar fascina
E sobre a maciça madeira
Repousa o café gracioso
Que robusto e fervente
Se fez morno e amoroso
P'ra valsar à boca nobre
E internamente aquecer
Felicitando os maus dias
Reanimando o morto viver
Belíssima obra da criação
Torrado e moído, aquoso e aquecido
Toma-lo-ei até o último dia
Rendendo graças em o ter conhecido
À flavona embebida, eu digo:
"Valse no nosso café amigo".