Lua de Dezembro
Beleza do tempo: derradeira casa dos 30
São profundas as marcas
Que vejo com dois telescópios no rosto
O que escondem esses escombros lunares?
Quão misteriosas são as crateras da alma da lua...
Mesmo longe, em uma noite fui lá e
Eu senti o cheiro
Da lua de dezembro
Cheirava a cigarro e cerveja
E de sua boca saiam palavras
Deliciosamente vulgares
E tinham o melhor sabor.
Cabelo assanhado
Barba por fazer
E usei essa barba pra conduzir
Seu rosto até o meu
Queria ver de perto aquele
Sussurro desembaraçoso
Que me embaraçava por dentro.
Depois soprei teu ventre
E você riu
Bebi dele
Foi pouco, porque bebi muito mais de sua alma
Eu te conheci de novo...
Onde te vi antes, ó lua que iluminou meu espírito?
Foi nesta vida ou outra?
Que dança é essa que meu peito faz quando te lembra?
O abraço nesse Segundo, nesse milésimo Segundo,
Solta tantas melodias românticas
Queria poder parar o tempo
E chamar esse Segundo de meu para sempre
Mesmo sabendo que jamais serei o seu primeiro.
E danço essas músicas como se o chão tivesse espinhos
Que me rasgam os pés que caminharam até essa lua
A mesma lua que, tão distante de mim, está tão perto
Com esses olhos brilhantes, tão acostumados com o mundo
Que chegam a duvidar que ele ainda exista para ela...
É uma lua com tantos porquês?
São porquês com mais certeza do que dúvida.
Os escombros nasceram daí...
As crateras do passado
Nem o maior telescópio do mundo vai detectar...
A lua tem um mecanismo próprio
Ela precisa dar a volta todos os dias para que seu ciclo se encerre...
Essas voltas são uma busca por sentido
Seja um filme, um livro, uma música de Madonna, Bethânia
Quem sabe em “um amor assim delicado”
Ou glúten...
O preço é alto e a lua sente na pele.
Um dia, meu menino lunar
Você vai descobrir que a vida é mais do que circular
Entre a confusão e o evaporar
E quem vai dizer
“Se manca, gay”
É alguém com grande potencial de te amar!