FIM DA ESTRADA
Você nem tem ideia de quantas vezes sonhei em beijar sua boca.
Mergulhar no fundo azul e confuso dos seus olhos, sempre tão cheios de tristezas indecifráveis.
Buscar como um escafandrista busca pérolas e tesouros sob mar em tormenta.
Desvendar todos os segredos que sua boca não revela.
O quanto brigo com o destino pelo atraso e mostro todo meu descontentamento.
Quantas vezes minhas lágrimas seguiram em curso a sua procura em pensamento.
Quanto de você ainda carrego dentro do peito?
Querer expor pra mim tudo real e imperfeito.
Você embrulha-se , embala-se por dentro e segreda, mas tens no fundo um coração enorme que não se mostra por completo.
Quantas vezes imaginei nos dois sob o mesmo teto e quantas poesia eu rasguei sem completar.
Quantas vezes eu quis ser sua única parada, seu primeiro ponto de chegada,
seu seguro, seus braços, a direção, o ritmo dos seus passos o compasso do seu coração?
Talvez em vão, vagas palavras, nas paralelas da estrada que te distancia de mim.
E se do nosso amor não sobrar mais nada, que te falte a vontade de desistir de nós.
E que te siga em ecos em todos os túneis e cruzamentos um "eu te amo", mesmo que abafado por buzinas em meio ao trânsito louco dessa cidade que não para nem ao menos um segundo, para que a gente possa chorar o fim desse amor.