A menina de boca cor paixão
(...) com aquele uniforme horrível, não sei se cor laranja ou cor-de-abóbora [que combina com a cafonice do meu de tom marrom claro com vários dizeres, quase uma roupa patrocinada] sempre a vejo passar. A menina de tez porcelana que não acredita no amor e ela mesmo me contou, me disse brincando cheia de verdades "o amor não existe" e lhe prometi um poema, esse poema, o poema dela.
O amor é uma escalada individual sem acessórios onde a gente deposita a confiança de que 'caso caiamos' alguém lá embaixo vai nos segurar e nos amortecer a queda. E o amor é isso, queda livre, sem paraquedas, amor é pouso forçado na escuridão da noite sem pista de pouso. É uma pena nem sempre haver copiloto pra dar a mão, pra acionar o manche. Amor é naufrágio em águas turvas e desconhecidas é barquinho a pique, é mar revolto sem farol pra iluminar a chegada e é essa a mágica em si, é uma pena nem sempre ter companhia.
Amor é deveras o contentamento descontente que Camões citou e não posso discordar. Mas não tente se enganar, o amor é real, palpável até. Ele, o amor, existe, você só precisar querer acreditar.
Com sua blusa de cor abóbora/laranja ela me sorriu, disse estar tudo bem. E tá sempre tudo bem, mesmo quando não está.
Paschoal, George