Afogado
Vinte anos se vão
Desde a chalana no rio
Lembrei dos braços do rio
De seus olhos negros de rio
Dos seus braços de rio
A me inundar
Me vejo os braços esticados
As pernas que batem ermas
Inalo suas águas limpas
Que me invadem as entranhas
E já não posso flutuar
Desço sereno ao fundo
São tantas cores tantos peixes
Tal qual da vida os amores
Deito meu corpo no lodo
Feito meu corpo no seu
Entranhado emarando
Musgos troncos membros
Não há por que lutar
Basta se entregar
Reflexos da floresta na água
Copas de árvores imersas
Me contorço me debato
Já não sei se é você ou o rio
Que minha vida irá ceifar