Come back
E já fazem dias que eu me pego pensando em meu lugar de fala
De fala tremida
De fala travada
De peito frustrado.
Essa cadeira vazia com meu nome
A poeira cobrindo o assento
No encosto marcas que pensei que não reviveria.
Não sei porque pensei
Foram somente marcas que ficaram longe
Que se afastaram
Que não tinham mais razão
A vida segue nesse vai e vem
E você acha, bom eu achei,
Que é possível escapar impune
Que é possível ficar imune
Tantos vieram e se foram
E não tive nada a dizer, Nem nada
em que pensar
Mas vezes a vida cobra
E aponta, este aqui é o seu lugar.
Sob a luz da luminária
Com as cinzas do cinzeiro
Observo a janela embaçada
Sinto a alma inflamada
Dedos tamborilando sem saber o que fazer
Abro a gaveta a esquerda e
Retiro o meu crachá
Apanho a caneta próxima e começo a dissertar
Sobre um triste e infame amor
Que veio me recobrar
Sou poeta e trovador,
Este aqui é o meu lugar.
Estou batendo a poeira dos ombros. Retirando as traças penduradas.
Como é bom estar de volta.