Canções de amor pra ela
ATO I
Meu alento supõe do teu silencio uma tragédia
Desfortuna para minha ternura
Infortúnio para minha dedicação tão regia
Mas que não prospera onde não há procura
Devia eu render-me?
Ou perseverar em cego orgulho?
Rendo-me!
Sei que minha vaidade não é admirável
E, se minha ambição é tão somente confessar sublime reverencia,
Mesmo temendo desdém,
Devo contentar-me com a dadiva da visão
De sua radiante imagem
Ilusão que completa meus dias
Como um oásis ao som do Concerto nº4 em fá menor de Vivaldi
ATO II
Então a chuva cessou
Como quem se cansa de tentar regar em vão o chão
Mas não cessou por desistência
Cessou por cansaço
Por não ter mais forças para tentar
Mas irá retornar
Trovoante e tempestuosa
Ainda mais intensa
Na hora certa
ATO III
Nem mesmo em meus sonhos mais tempestivos,
Nada se compara à sensação
De te ver mesmo de relance
Em um turbilhão de pensamentos
Me controlo, meço minhas maneiras e atos
Para que adequar ao seu tato
Me dó não conseguir dizer tudo
Mas digo tudo o que posso e sigo
Alimentando saudades da vida que não vivi
ATO IV
O inverno findou-se como um sortilégio
Mas foi apenas uma transição
O encanto de tudo que vi
Permanecerá como uma doce lembrança
Agora virá outro tempo
Onde ei de reaprender meu caminho
Dançando nas cascatas de meus pensamentos
ATO V
No vasto oceano dos teus olhos
Fui impedido de navegar
Meu barco nunca partiu do porto
Com medo de naufragar
ATO VI
Guardei na memória teu sorriso,
Para admira-lo tantas vezes
Ao meu prazer, sem censuras, então
O vislumbre do precipício
Não me trouxe temor, mas emoção
Como foi no momento primo
Do nosso encontro
Mas que cisma diabólica
A minha, donde começamos ambas,
Realeza, fiz-me retrocesso
Tornei-me o verme que desprezava,
Por orgulho ou menos me feri,
Mantive minha idolatria,
Sem ousar nunca deturpar vosso
Sagrado, teu puríssimo nome
O Fim não tarda, pois é tarde
Porem talvez nossa jornada, não,
Nosso destino se cruze a tempo
E há tempo, e haverá tempo
Te encontrarei uma vez mais