Na contramão

Na contramão

Fui pego pela tua mão, desprevenido

E me fizeste ver além do óbvio, mesmo onde não havia para mim sentido

Na tua mão minha sobriedade se dissipa

E fico apegado nem sei a quê

Se palavras explicassem o abstrato

Ao menos eu poderia “pensar para parar”

Já que não paro para pensar

Já que não paro de pensar

Em um membro superior

Branco, cheio de veias e linhas traçadas na palma

Em unhas vermelhas que arranham.

Tudo se juntara em teu toque

Me passa energia

Faz sentir vida

Através desse teu tocar

Apertar, “tá entendendo”?

Não se explica sentimento

Pois “uma parte de mim”

Que um dia já odiou

Agora se faz parte em te querer

E se tudo isso é clichê

Se tudo é démodé

Nem mais me importo

Porque te fiz retrato em minha mente.

Te imortalizei em um sorriso de menina carente

De quem quer um abraço dos mais inocentes

Em olhos de vidro irrequietos

Com a fumaça consumindo o ambiente

E a frase sempre repetida: “De coração”

Só para ir de encontro à nossa insegurança

E do medo de querermos nos querer.

Delano Almeida
Enviado por Delano Almeida em 19/11/2007
Código do texto: T742796