DESEJO





Queria, em ti, perder a consciência
do que tenho e do que sou
e no ardor da minha demência
contigo alçar
o meu mais belo vôo.

Sentir jorrar pelos poros
todas as vagas do mundo.
Ser pilantra, vagabundo.

Esmagar medos
como uvas no tonel.
E num gesto terno
te fazer eterno
como estrelas no céu.

E em teu ser selvagem,
me fazer caminho,
me fazer passagem.

E de repente, inconsciente,
não ser mais que um grito,
retendo nos braços
o peso do espaço
- teu corpo no infinito.





(Direitos autorais reservados, lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 18/11/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T742450
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