ODE AO INEVITÁVEL
E este vazio tão cheio de tudo
Tão repleto de cansaço
Esta inércia desassossegada
Este não dormir e não sonhar.
Tão parado no tempo que passa ligeiro.
Estas marcas invisíveis que reflete no espelho.
Este sorriso amarelo, este elo sem amarras.
Tão frágil desatar.
Este medo de olhar pra dentro e achar raso, nossos defeitos.
Este medo de amar.
A gente se guarda, a gente se prende um ao outro,
Como se não houvesse meio de escapar.
A gente vai vivendo a vida como se estivesse preso,
Com cordas invisíveis a nos atar.
E quando a gente acorda, os nós do tempo nos prende tão rente que mesmo dolente a gente preenche no vácuo e já é tempo de descansar.
E a nos assistir silenciosamente vem disfarçada de bondade, aquela que perigosamente a gente foge a vida toda, mesmo sabendo que não a meio de se safar.