Navegar
Naveguei por muitos mares,
buscando ancorar meu corpo,
num forte de esperanças e desejos,
numa enseada fulgurante, sem fronteiras.
Naveguei feito nômade por muitas águas,
Entre mares, oceanos e rios nessa busca intensa!
Disseminei essa visceral angústia,
que me atropela, abafando meus gritos titubeantes.
Calendários dolorosos percebi nesse navegar.
Abismos profundos encontrados nessas andanças,
ferindo inabalavelmente esse vazio permanente,
embotando meus olhos cansados nessa luta.
Naveguei tantos mares, quantos mares pude navegar,
com meu corpo torturado, alçando velas,
iluminando sombras dessa minha estória,
cruzei mares com minhas tristezas, nessas viagens.
Naveguei ainda mais fundo, ao teu encontro,
desfazendo incertezas nesse solilóquio,
reconstruindo sonhos nessas esperanças,
acalentando feridas nessa solidão permanente.
Ainda que cansado, machucado,
continuarei navegando, buscando um ancoradouro,
entre as marolas desses mares, nesse descompasso.
Por muitos mares, rios, oceanos, naveguei!
Busquei o universo do teu sorriso, da tua mirada.
Construí sonhos, pontes, entre brisas e tempestades.
Entre ondas e calmaria deixei-me levar, nos teus braços.
Naveguei na serenidade do mar Morto,
na convulsão do Pacífico, nos mistérios de tantos mares bravios,
decifrando teus passos eternamente fugindo,
mitigando teu amor imprescindível nessa busca.
Navegar sempre, sempre foi meu mote,
no rastro dos teus passos incertos, corroendo-me nesse caos,
sem horizonte, nutrindo desejos, entre mares insanos,
na busca constante desses lábios embriagantes.