Malmequer

A falta do teu amor me vulnerabilizou

Até a fé, que não tenho, rondou à minha escolta

Ateu, cético, racional…

Eu já sabia que nada traria a sua volta

Joguei búzios, pois sorte não existe

Fiz simpatia, pois superstição é besteira

Firmei ponto, crendice

Comprei, por curiosidade, arruda na feira

Soltei sal grosso para temperar a relação

Agarrei-me às guias das mais diferentes cores

Mergulhei o Santo Antônio na água, em comunhão

De ponta cabeça, pra afogar as minhas dores

Enlacei muiraquitã no pescoço

Convoquei toda a legião de Jorge

Bati cabeça pra saudar

Comigo-ninguém-pode!

Tentei comunicação pelo córtex, como um chorão

Busquei explicação nas borras de café

Li feitiço, banhei-me em alecrim

Aos Juremeiros e atabaques, fiz Axé

Rezei Pai Nosso, Ave Maria

Fiz mandinga como quem mendiga

Se não for por um milagre, me largue

Só você que me abençoa ou me castiga

Apelei a todos os Santos, Lulu

Que seja fraqueza… não garanto sobreviver

E se amanhã não for nada disso

Caberá só ao bem-me-querer