A menina que sonhava
... enquanto a noite não chegava, ela sonhava acordada. Sentia a brisa balançar seus cabelos aloiaros enquanto pedalava sua recém comprada poti vermelho chumbo. Havia desistido tantas vezes de sonhar que achou ter perdido o jeito 'é como andar de bicicleta' dizam eles; e era.
Sua calmaria de menina alentada chamava sempre a atenção, seu aroma doce tinha gosto de framboesa com toque ácido de limão e todos amavam, inclusive eu.
(...) enquanto a noite não vinha ela se enchia de esperanças.
Cantarolava uma canção com a ponta da dedos em sua poti, e a cada passada de pedal recomeça o refrão da mesma música; assim ela partia, iluminada pelo sol que em sua pele fazia mais parecer pintura em tela virgem.
Enquanto a noite não vinha, logo antes do sol se pôr ela sorria, e descansava a sombra de uma Acácia-Rubra, onde em seu diário escrevia sobre o dia, sobre os sorrisos que havia despertado nas pessoas; em seu diário de folhas virgens descrevia a vida bela vista por seus olhos cor de sol (...) assim passavam os dias, enquanto debruçada a grama verde ela linda, sobre seus sonhos escrevia...
Até a noite chegar...
Paschoal, George