Âmago
O mais íntimo do meu ser,
meu tormento particular.
Vísceras, entranhas, peito aberto,
dádivas de amar...
Vulnerável, sinto-me,
suscetível a ser tocada, ferida.
Fecho-me, meu peito, suturo.
Sensação de segurança,
ilusão da minha vida.
Nada mais ilusório do que se sentir seguro.
Meu âmago,
onde ninguém eu permiti chegar,
retirei as suturas, para que vocês possam me conhecer,
me enxergar.
Sou mais do que um ser vulnerável,
inseguro.
Sou aquela luzinha fraca,
que insiste em brilhar no escuro.
Sou frágil,
mas me sinto mais forte do que uma rocha.
Sou uma luzinha fraca,
mas ajo como se eu fosse uma tocha.
Sou daquelas que sonha com um príncipe encantado,
mas eu amo sapos, gambás, corvos...
Amo o que não atrai a maioria dos olhares,
me agrado do que acham desagradável.
Sou daquelas que sonha com um amor eterno,
mas eu amo os acasos, os instantes, os momentos...
Amo o que passa despercebido,
desejo o que acham indesejável.
Sou cicatriz, sutura,
sangue e dor.
Mas me deixei ser peito aberto, pra que vejam que também posso ser força, luz,
paz e amor.