DO MEU CORPO
Do meu corpo inerte, meus olhos tortos, turvos de chorar meus dissabores.
Do meu corpo dolente, ciente da desafeição do que se vê no reflexo.
Do meu corpo silente e retraído.
Do meu corpo reticente, que faz pausas quando devia dissertar um traçado reto e seguir.
Do meu corpo complexo e diminuto
Que agora prepare-se para suportar sua falta...
Do teu corpo diligente, dos teus olhos alinhados e secos.
Do teu corpo contente, certo da beleza que possui.
Do teu corpo ruidoso e expansivo,
Do teu corpo decidido que segue em frente
Sem traçar se quer uma rota.
Do teu corpo fácil e elevado,
Que agora prepare-se para partir
É do meu corpo que
Mesmo sendo o oposto
Ao teu deseja se fundir.