AUSÊNCIA DE ESPUMAS
Sinto de volta a doçura perdida na poeira de ruas e praças,
Cortinas de fumaça se desintegrando e pássaros no coreto
Abandonado, tudo largado e acostumado com os descasos
Públicos e nossos, destroços que se acumulam no meio fio.
Te olhar cedo faz um bem que não se explica, só comunica
O que desejo falar e vivo adiando, confiando que descubra,
Que rubra acabe sem jeito e aceite ficar a tarde inteira aqui
Nesta banheira sem espumas ou qualquer constrangimento.
Que o tempo passe lento desta vez e, lá pelas seis, um café
Seja suficiente para novas iniciativas, papo furado, qualquer
Desdobramento, o amor é o acontecimento e pouco importa
Se o encontramos por engano, se é insano, seja bem-vindo.
Os dois ambientes se mostram propícios, suplícios, edifícios
Que nos cercam e mantêm a privacidade, lateral de rodovia,
Ninguém mais deveria adiar a felicidade, aceitar de verdade
Que tudo isto é lícito, está implícito em nosso DNA de gente.