AUSÊNCIA DE ESPUMAS

Sinto de volta a doçura perdida na poeira de ruas e praças,

Cortinas de fumaça se desintegrando e pássaros no coreto

Abandonado, tudo largado e acostumado com os descasos

Públicos e nossos, destroços que se acumulam no meio fio.

Te olhar cedo faz um bem que não se explica, só comunica

O que desejo falar e vivo adiando, confiando que descubra,

Que rubra acabe sem jeito e aceite ficar a tarde inteira aqui

Nesta banheira sem espumas ou qualquer constrangimento.

Que o tempo passe lento desta vez e, lá pelas seis, um café

Seja suficiente para novas iniciativas, papo furado, qualquer

Desdobramento, o amor é o acontecimento e pouco importa

Se o encontramos por engano, se é insano, seja bem-vindo.

Os dois ambientes se mostram propícios, suplícios, edifícios

Que nos cercam e mantêm a privacidade, lateral de rodovia,

Ninguém mais deveria adiar a felicidade, aceitar de verdade

Que tudo isto é lícito, está implícito em nosso DNA de gente.

Sérgio Sousa
Enviado por Sérgio Sousa em 16/12/2021
Código do texto: T7408674
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