O SOL DISTANTE
Calor que admiro no lado de cá das sombras minhas
Confissões nas entrelinhas, desejo represado que em silêncio grita
Meu crer que em mim conflita com as asas de um querer a revoar sozinhas
No meu olhar que não atinas, no meu sonhar que nem sequer cogitas!
Quisera me ensolarasses, mas tudo que de ti me vem é teu inverno
No desatino que governo só me ocorre é ser varrido no aroma teu
Me amar o amor que não é meu, chegar paixão que não espero
Na ânsia que me esmero em ser lembrado do abraço que não me elegeu!
Como fazer vencer o amor que sinto e que não posso demonstrar?
Como torná-lo o lar de um coração que nem sequer percebe-me vivente?
Como ser visto a quem me é tão indiferente? Como nascer em seu pensar?
Se nem permite-me perguntar esta proibição latente!
Assim no reino frígido dos impossíveis de longe avisto meu sol tão pretendido
Sendo por ele preterido, vencido numa guerra em que nem pude eu lutar
Beijando em meu imaginar a boca que me tem por reles esquecido
Ferido pelo choro engolido, nem percebido por sol do qual fui proibido amar!