Antes que doa mais...

A Lagoa olhava o Mar, embevecida,

Mas o Mar, grande e adornado de recifes,

Mal sabia da Lagoa, só inversos.

Numa dessas tempestade de amor

O Mar viu o algo a mais que, na Lagoa,

Poderia ser sinal de bom enclave...

A Lagoa se encantou e foi banhada

pelo Mar, sim, por clorídrico oceano...

Se do céu tu visses ambos não diria

ser possível tal mistura, coisa rara.

Elementos de natura tão diversa

se ressentem do passado dominado

pelas classes que separam, desagregam...

Mar tem fome de oceanos, Mar é Mar!

A Lagoa pura e besta bebe rios;

Uns riachos, pra dizer melhor verdade...

A Lagoa viu o Mar em muitas ondas

nesse vai e vem que, lindo, enche as bordas

pirambeiras da Lagoa, embasbacada!

Viu o alpha deles, grandes oceanos,

circundar pelos barrancos que a contém...

E a Lagoa despertou, viu que perdeu

o que nunca pertenceu a si, coitada!

Junta as águas, ó Lagoa! Não te chores.

Já perdeste! Não estraga o teu velório

com as marcas desse sal que lava a face...

Beberibe nunca foi para teu bico

de Lagoa que se muda em temporadas.

Vai recolhe as tua ilhas flutuantes;

tens, talvez; mais um pouquinho de existência.

Chora agora, lambe o sal, mas não do Mar!

Faz das cheias tua única esperança,

pois na dança, Mar é grande e tu, és poça...

Ronaldo Rhusso

RonaldoRhusso e Ronaldo Rhusso
Enviado por RonaldoRhusso em 12/12/2021
Código do texto: T7405488
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