Antes que doa mais...
A Lagoa olhava o Mar, embevecida,
Mas o Mar, grande e adornado de recifes,
Mal sabia da Lagoa, só inversos.
Numa dessas tempestade de amor
O Mar viu o algo a mais que, na Lagoa,
Poderia ser sinal de bom enclave...
A Lagoa se encantou e foi banhada
pelo Mar, sim, por clorídrico oceano...
Se do céu tu visses ambos não diria
ser possível tal mistura, coisa rara.
Elementos de natura tão diversa
se ressentem do passado dominado
pelas classes que separam, desagregam...
Mar tem fome de oceanos, Mar é Mar!
A Lagoa pura e besta bebe rios;
Uns riachos, pra dizer melhor verdade...
A Lagoa viu o Mar em muitas ondas
nesse vai e vem que, lindo, enche as bordas
pirambeiras da Lagoa, embasbacada!
Viu o alpha deles, grandes oceanos,
circundar pelos barrancos que a contém...
E a Lagoa despertou, viu que perdeu
o que nunca pertenceu a si, coitada!
Junta as águas, ó Lagoa! Não te chores.
Já perdeste! Não estraga o teu velório
com as marcas desse sal que lava a face...
Beberibe nunca foi para teu bico
de Lagoa que se muda em temporadas.
Vai recolhe as tua ilhas flutuantes;
tens, talvez; mais um pouquinho de existência.
Chora agora, lambe o sal, mas não do Mar!
Faz das cheias tua única esperança,
pois na dança, Mar é grande e tu, és poça...
Ronaldo Rhusso