INSUPORTAVELMENTE QUENTES
Seus braços são quentes como as tardes no interior:
Insuportavelmente quentes.
Você diz que eu não sei comunicar-me
E que me atropelo em minhas palavras.
Te amei.
Hoje sinto um desespero abafado
Como se houvesse um monstro espreitando
No canto da sala.
E conto as contas uma por uma em minha garganta
Sinto enquanto elas descem e lentamente
Causam calma. E sono.
Minha garganta esgarçada de tanto cantar
Sua cara, sua boca, seus lábios e braços.
Meu verso cansado de tanto versejar
Sua rima, sua sina, seus olhos e traços.