Fluxos (Terza rima)

 

O amor curou meu ser, demais doente,

lançou seus raios sobre os meus escombros,

trouxe-me paz que pouca gente sente.

 

Sem fardo a carregar por sobre os ombros,

tornou-me o próprio sol em noite escura,

sem medo de viver, sem mais assombros.

 

Tirou-me a mágoa de uma dor sem cura,

tornando-a parte do processo-vida

e não um peso, como se afigura.

 

Tornou o meu viver suave lida

e mergulhei no mar de largas vagas

de teu olhar, de tudo destemida.

 

Agora me transbordo e tu me alagas

e inundados de luz nos entregamos...

Nada pergunto, nada tu me indagas.

 

E no silêncio, enfim, nós nos amamos

unidos pela força do universo

como a rosa e os espinhos de seus ramos.

 

Apenas um e nada mais que um verso.

 

 

* TERZA RIMA, poema de forma fixa, apresenta simetria baseada no número três. É o encadeamento de tercetos que rimam em esquema ABA, BCB, CDC, DED, EFE, etc. em versos decassílabos. A composição termina com um verso isolado que rima com o segundo verso do último terceto. A terza rima é também chamada de incatenata (encadeada). Foi criada pelo poeta italiano Dante Alighieri, que a usou pela 1ª vez em "A Divina Comédia".

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 06/12/2021
Reeditado em 06/12/2021
Código do texto: T7401317
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