Poeta Jardineiro
Por onde andam os lábios que um dia beijei
me saciei, me lambuzei, mergulhei, degustei?
Por onde andam os olhos que um dia venerei
Apreciei, me entreguei, sonhei, amei?
Por onde andam os cabelos que faziam ondinhas como as do mar?
Que, quando me abraçava, me cobriam como se fossem um manto
Me protegia como se fosse meu anjo da guarda
Me acalentava, me trazia paz, me elevava às alturas do firmamento
Por onde anda a beleza que me encantou, me seduziu, me conquistou?
As covinhas da face que acarinhei, com tanto desejo e amor!
Cadê o esplendor do sorriso que era luz, depois se apagou?
Onde estão as mãos sublimes que tocavam até na alma?
Numa breve regressão, o poeta não suporta a dor da saudade, grita
Imagens se duplicam, é demais para um simples mensageiro
O semblante de menina que descansa na serra onde tudo brota
A magia da flor que se abre em todas as manhãs para receber seu jardineiro