Do beijo e da língua
A língua fez às vezes de nuvem.
Faceira, espremeu-se por entre os lábios.
E então, escapou num vento de forte desejo.
Ali, Sem pressa e sem dono,
ousou tocar o céu da boca.
Houve um estrondo gemido no ar
e clarões espocaram das entranhas
do universo.
Num manifesto elixir
de energias incontroláveis.
Sim, a língua como nuvem,
Foi tocar o céu da outra boca.
E numa contenda interminável de paixão,
trouxe uma tempestade incandescente.
Que forte ventania veio então!
A torcer nos campos cada inflexível eucalipto.
Que então, como pelos eriçados na pele,
dançaram a dança da poesia.