ANARQUIA SENTIMENTAL

senti teu halito em um jantar casual,

usei aquela roupa fora do usual para te chamar atenção.

senti tua tristeza no olhar,

tentei desviar mas já era tarde,

o vazio te tomou de assalto e nem deu tempo de soltar o alarme.

teu entusiasmo sobre as coisas,

tua luta, teu desejo de mudança,

se perdeu.

o que fazer quando a esperança descansa?

o que fazer quando Deus vira ateu?

Olhei todas suas manias escorrendo por entre seus dedos,

o olhar dengoso ao receber elogio

se perdeu quando você atravessou

o sinal vermelho.

Olhei você se despedi de mim em meio a feira da sulanca,

Ouvi um vendedor querendo me vender um relógio pirata.

teu desejo de mudar o mundo ficou mudo,

tua dor lhe devorou

como um cachorro vira-lata

que ataca um osso jogado pelo açougueiro.

o que fazer quando a vida não é motivacional?

o que fazer quando a melancolia ganha uma força divinal?

Eu escrevo ou sou escrito,

Sou um bandido ou apenas repito o que os outros fazem,

Para cada dor uma cura,

para cada cura alguém

que se cura curando os outros.

apoio mútuo, anarquia não é só uma ação política.

O amor sempre foi revolucionário.

horizontalidade, equidade não é só para uma comunidade,

esses conceitos também se aplicam

a nossa interatividade interpessoal.

Quero te ver bem,

mesmo estando entrelaçada em outros braços.

O amor não é carnal,

O amor não é espiritual,

amor é o efeito colateral

de nossa anarquia sentimental.

Urbano Leafa O despoeta
Enviado por Urbano Leafa O despoeta em 29/11/2021
Código do texto: T7396308
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