MEU TODO

Há dias em que sou assim, um pouco de meu todo!

Uma mera sombra da luz que já fez brilhar minha noite

Uma densa queda no doloroso vácuo de meus temores

Um silêncio gélido que abafa a canção que me alivia!

Há dias em que não durmo, me alimento do silêncio!

Uma sinfonia voluntária de todos os gritos da minha mudez

Um vôo impetuoso em fuga da agonia que me abraça

Um mergulho em mares que me matam de sede!

Há dias em que sou assim, um alfabeto de novas letras!

Um dialeto para dialogar com a multidão de meus monólogos

Uma gramática regida pelas regras da soletração muda

Um livro lido por todos os que jamais o viram!

Há poemas que me apresentam assim: a própria incompreensão!

Um louco traduzindo e decifrando sua própria lucidez

Um sonhador que escreve a outros o que somente sua alma entenderia

Um pouco de meu todo - que é todo amor!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/11/2007
Reeditado em 01/01/2012
Código do texto: T739436
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