MEU TODO
Há dias em que sou assim, um pouco de meu todo!
Uma mera sombra da luz que já fez brilhar minha noite
Uma densa queda no doloroso vácuo de meus temores
Um silêncio gélido que abafa a canção que me alivia!
Há dias em que não durmo, me alimento do silêncio!
Uma sinfonia voluntária de todos os gritos da minha mudez
Um vôo impetuoso em fuga da agonia que me abraça
Um mergulho em mares que me matam de sede!
Há dias em que sou assim, um alfabeto de novas letras!
Um dialeto para dialogar com a multidão de meus monólogos
Uma gramática regida pelas regras da soletração muda
Um livro lido por todos os que jamais o viram!
Há poemas que me apresentam assim: a própria incompreensão!
Um louco traduzindo e decifrando sua própria lucidez
Um sonhador que escreve a outros o que somente sua alma entenderia
Um pouco de meu todo - que é todo amor!