A Quentura de um Amor Mal Resolvido
Eu me comovo em qualquer despedida
Eu coleciono desafetos desajeitados
Que poderiam amar-me, mas os neguei
Pois eu mesmo nunca me amei
Aquela noite que me transcendeu
E eu tive a certeza que eu a amava
Enquanto a dúvida me palpitava,
Será que seu amor é convicto?
Quente é o turvo tumulto
Que me envolvo
Gritando revoltas e primaveras
Correndo contra o sangue que jorra
Sem adeus, eu anseio a volta
Sem promessa alguma
Eu me recordo da voz
Tal qual um mantra
Tensões em meus olhos
Meu silêncio torpe
Entorpecido de auto piedade
Eu me testo contra minha raiva
Há vida em teus dedos
Que me buscam
Numa noite apodrecida
Nas intenções e sabores artificiais
Eu vejo em meus calcanhares
Âncoras com o nome de ontem
Me afundando em ressentimentos
Tão doídos que castigam os ossos
As expectativas foram ruindo
Os dias viraram meses e anos
Na nudez ritualística
Encontrei marcas de você em mim...