AS VEZES DAS MÃOS

As mãos, para que servem as mãos?

Se na carícias deslizam em vão,

À procura dum momento,

Tão fugaz quanto o vento,

Para acomodar a mão amiga,

No consolo da feroz intriga,

Que se desfaz em seu aperto,

De erros tantos o seu acerto,

Das mãos da plena oração,

Que nos conduzem ao perdão,

Como se nos faltasse o consolo,

Da mão amiga e dum colo,

Pelo tempo que então disponho,

Da incerteza produz o sonho,

Nos ameaçando por inteiro,

Pelo que se conhece do aguaceiro,

Muita água pra pouca galeria,

Muito ruído pra pouca melodia,

E da chance pouca que nos acerca,

Necessário que a pouca fé não se perca.

1.996