Boleia do Amor
Boleia do Amor
A paixão
É como um caminhão,
Completamente Carregado,
Com pneus carecas desgastados,
Em dia de chuva a acelerar,
Sem rota e sem cidade pra chegar,
O amor
É como um caminhoneiro,
Barrigudo, a viajar,
Com o umbigo peludo,
Se afasta, mas deseja retornar,
Logo ao seu lar,
O casamento,
É uma borracharia exemplar,
Mesmo arrumada,
Tem graxa em todo lugar,
Só não pode o borracheiro,
Desistir de furos e rasgos preencher,
Nem cliente o esquecer,
O divórcio,
É quando o primeiro caminhão,
Descendo a serra acelerou,
E pela contramão,
Bateu de frente ou caiu no ribeirão.
Amante é um atalho,
Esburacado cheio de galho,
As curvas dão na mão calo,
Ou se destrói,
Ou a carga vai pro ralo,
O pagamento é um filho do serviço prestado,
Depois de tanto na estrada sofrer,
Ou te elogiará pelo trabalho realizado,
Ou terá coragem de te ofender,
A sogra como um patrão,
Te humilha ou estende a mão,
O cunhado,
Contra,
Ou ao seu lado,
A mulher é companheira de viagem,
Atenta a todo instante,
Não deixa o motorista dormir
Em cima do volante,
Assume a direção,
Olhando o mapa e a luz do Coração.