NA SOLITUDE DO AMOR DESFEITO
No silêncio da noite insone,
percebo um diapasão de criatividade,
trazendo à solidão por ti que me invade,
alguns cânticos, poemas e criatividade.
Nem as lembranças do molejo do teu corpo,
nem o brilho do teu sorriso,
nem o bailar do teu perfume,
nem a fragrância do teu amor,
apagam a chama ardente e insipiente,
de deseja-la com ardor.
O término fustigante do relacionamento
vivido em amores, brigas e tormento,
me açoita de chibatas de arrependimento,
lançando-me à beberagem em busca de alento,
maltratando-me com indizível sofrimento.
Na bebida que embota os sentidos,
vejo-te estampada em sorridente vestido.
Na poeira do chão, agora caído,
vejo-te na tua desenvoltura,
feito nuvem em movimento.
No poste que me auxilia o prumo,
imagino-te num abraço amoroso, sem rumo.
Na árvore que flore estonteante,
vejo-te em cada folha que baila ao relento.
Na tua tez de menina afoita,
vejo tua sarda que beijava com prazer,
na lembrança tardia da saudade que me açoita!
Aterro-me na vontade de beijá-la,
sabendo que talvez nunca mais
a terei em volta do meu abraço, em acalento.
Termino esse meu versar em pranto
desejando-te intensamente em desespero,
não podendo nunca mais tê-la, no entanto.
De tua pose de menina ficou apenas a lembrança
vivida em luxúria, dores e sofrimento.
Mas penso que se te encontrares
em outro mais puro e melhor relacionamento,
ficarei feliz por ti, mesmo tendo-te apenas em pensamento!
Rogério S. Malta