Francesa de Versalhes
Deveras tens a brochura de um manuscrito,
Os verbetes que se movem nos oceanos,
As asas de um pássaro,
A qual plana pelos montes.
O tal enigma que não conheço,
Quando nossos olhos encontram-se,
E desnudam-se os nossos medos.
Quanta ternura tenha-me atingido,
No andar de uma carruagem nobre,
Nas loucuras de um “Olá” atrevido,
No teu incomensurável riso que encobre-se!
Se tenho-me estado a imaginar,
Que sondas-me as noites em claro,
Tão obstante tenhas lembrado,
De que sou apenas um homem,
Aquele cujo sentido da existência,
Não queira de novo ver manchado o nome.
Eis minha carta a senhorita,
Destinada a ser convencida,
De que teu bálsamo a muito intriga-me,
E tão quão anunciador transcende-me a alma,
Que meu corpo já não mais exista.
Que por tua fonte traz a juventude,
E as poesias de outra era,
No apogeu de uma amante,
sobre o manto aveludado da beleza,
A verdade da francesa de versalhes.
Seja por fim o meu sangue entornado,
Enquanto regresso a ti, de fato,
Temendo que ignores quem eu sou,
Abrindo mão de qualquer simetria.
Que meu peito ao teu secular amor,
Tomou a destreza de oscular a sacralidade,
Com que os meus meus versos íntimos, contigo!
Veio a denotar a concupiscência da flor.
18/11/2021.