A sanidade
Uma mente sã não procuraria pelo semblante duvidoso
Não se encostaria na porta frágil, entreaberta e estreita
Não violaria o sigilo da fala e sussurro vaidoso
Nem se vangloriaria do olhar atento e sempre à espreita
Uma mente sã não correria para os braços do agouro
Nem paralisaria diante da afeição, insatisfeita
Não gritaria palavras de tom pretensioso
Nem, muitos menos, fugiria da incontrolável tristeza
Minha mente, porém, ri do olhar impiedoso
Se entrega, deliberadamente, à indesejável beleza
Se perde na imprecisão do passo cuidadoso
E acredita, acima de tudo, na pureza indelicada de minha seca natureza.
(Larissa Vianna)