SEPULCRO
Pra que serve o lamento pra quem partiu?
Pra que serve a luz, se há veneno nas horas?
Resoluções de madrugada de pesadelo,
se desfazem nas manhãs como papel barato.
A boca logo se ocupa de novos arrependimentos,
em forma de reverências a um mundo machucado.
Quem não atravessou as promessas do efêmero,
não entende a solidão do, desde sempre, estar aqui.
E cria-se loucamente para se ultrapassar o relógio,
como se o tempo fosse a úlcera que o matará por dentro.
Nesse acorde estranho que liga o caminho ao nada,
o cromatismo faz descer às catacumbas do amor,
onde apodrecem as culpas enraizadas que não podem florir.
E de posse da certeza de que o amanhã não mais virá,
é que se dorme um dia, para depois, não mais estar aqui.