Voa pombinha voa
Eu não havia crescido, quando você chegou...
Quando senti o que era, você já havia partido...
Tarde demais...
Sol não brilha mais, para nós dois...
Sinto saudades, agora...
Tempos marcantes, perdidos no vazio,
Sem argumentos da espera ou volta...
Naquelas recusas, estava o seu sim...
Não pude sequer, analisar nossa idade...
Via-me em outro horizonte,
Em que cada dia nascido, espelhava sempre, ontem...
Como bobo fui...
Já via lágrimas, cair do seu rosto...
Era eu o motivo, por ver-se amadurecida,
Perante essa criança...
Era eu a sua vida...
Tudo que te alegrava...
Nunca mais senti, o que sentíamos...
Nunca mais vi, o que víamos...
Hoje recordo, nosso andar pelas ruas...
Nossa espera da chegada do ônibus...
Nosso pôr do sol, que víamos sumir, por detrás dos pinheiros...
Nossas melodias suaves, tocando na vitrola...
O complexo soluçar das águas cristalinas,
Que caíam da cachoeira, e se perdiam nas correntezas...
O silêncio da natureza...
Calmos dias, ensolarados, dando vozes aos insetos,
Que zumbiam em nossos ouvidos,
Fazendo-se em canções do sossego, às nossas vistas,
Estendidos às sombras das árvores...
Nunca mais... Nunca mais... Nunca mais...
Voa pombinha minha, voa...
Prossigas bem para lá dos confins.
Leve esse meu recado à toa,
Por favor nunca esquecer de mim.
Não havia, o suficiente, aprendido,
Nem o coeficiente, para antes, perceber.
De muita saudade, do ontem, lido,
Hoje, das lembranças que me fazem viver.