MAIS UMA VEZ

Mais uma vez repetimos:

“o sonho acabou” e rimos,

Mais uma vez choramos,

As lágrimas dos desenganos,

Mais uma vez os dissabores,

De mais uma perda, os horrores

Da orfandade maldita,

Que dissemina, ninguém acredita,

Mais uma vez estamos aos prantos,

Caímos em nós sem encantos,

Mais uma vez e vez mais,

Somos arrastados da paz,

Mais uma vez isso se repete,

E o chorar não mais diverte,

Mais uma vez, talvez nem somos,

Desse pranto os reais donos,

Mais uma vez, talvez só,

Nem tenhamos mais dó,

Mais uma vez aqui ficamos,

Desolados, sós e cantamos,

A vida passageira como só ela,

Como se a víssemos pela janela,

E mais uma vez ainda mais,

Ficamos sem os sonhos reais,

Que tanto perseguimos a esmo,

Se não compreendemos nós mesmos,

Mais uma vez a dor confere,

E com sua adaga nos fere,

Nos molesta com cicatrizes,

E mais uma vez ficamos infelizes.

1.996