algumas vezes, às vezes...

tantas vezes
   
    eu te vi
        e outras tantas,
        muitas outras,
        passaste bem perto de mim
        sem que me viste
nestas vezes
muitas vezes
        eu olhei-te
várias vezes
        e depois,
        sozinho
        pensava em ver-te
outra vez

muitas vezes
quantas vezes
        a emoção da espera
        fizera-me
tantas vezes
        esperar-te
várias vezes
        e tu passavas
uma vez
uma só vez
        e
muitas vezes
        meus olhos
        iluminados de alegria
        contemplavam tua imagem
        e seguia
        teus passos vacilantes
        hesitantes
        a abrir passagem...

tantas vezes
        eu sonhei
        e
às vezes
        ao meu lado estavas
quantas vezes
        nem me lembro
as vezes
        que baixinho
        te falava
        repetindo
várias vezes
        as mesmas palavras...

às vezes
        depois do sonho
        teu nome,
        doce nome
várias vezes
        eu chamava
        mas, eram tantas,
        várias
muitas vezes
        que
às vezes
        sem saber
        eu me calava
        pois teu nome,
        do teu nome
quantas vezes
        não me lembrava...

        foram
tantas vezes
milhões de vezes
        que falei ao vento
        que
às vezes
        de saudades me visitava
        do meu amor
        imenso, eterno
        que te ofertava
        mas,
todas as vezes
        este vento,
        corajoso,
        majestoso...
        ... sem coragem,
        por ti passava
        sem, ao menos, falar-te
uma só vez

diversas vezes
        em
todas as vezes
        que
às vezes
alguma vez
        tu partiste
        eu colhia
        de
uma vez
        todas as rosas
        de um mês
        para enfeitar
        tua vinda
outra vez.


Ipuã - SP, 20/08/1968