O último amor...
O último amor que havia no coração, desapareceu...
Agora ele anda leve como deve andar um ser sem amor.
A noite que era bela se desfez; se desfizeram os caminhos.
Agora é o vento que canta choramingando. Hoje o breu reina.
Uma felicidade que eu tinha era falsa, a mulher não era verdade.
Ela era uma visão disforme, fui somente para o seu divertimento.
Não quero que de mim sintam pena. Aquele amor foi um gole que
Eu bebi ou que me beberam. O amor é o que fica depois do amor.
Se estou vazio não me sobrou nada. Não me roubaram de mim...
Isso é tudo da minha vida. Sobrou-me a poesia de um não amor.
Eu fui não amando, não amando, até não amar mais nem a mim.
Hoje eu sou a poesia que sai de mim: branca, sem rima, anêmica.
Eu, sem a poesia, ninguém me suportaria. Eu seria um andarilho
Sem uma gaita para assoprar; somente roupas sujas, abandono;
Um andante com uma gaita já teria uma beleza incomum; depois,
Se surgisse uma melodia ela seria eterna, uma música de Deus...