O último amor...

O último amor que havia no coração, desapareceu...

Agora ele anda leve como deve andar um ser sem amor.

A noite que era bela se desfez; se desfizeram os caminhos.

Agora é o vento que canta choramingando. Hoje o breu reina.

Uma felicidade que eu tinha era falsa, a mulher não era verdade.

Ela era uma visão disforme, fui somente para o seu divertimento.

Não quero que de mim sintam pena. Aquele amor foi um gole que

Eu bebi ou que me beberam. O amor é o que fica depois do amor.

Se estou vazio não me sobrou nada. Não me roubaram de mim...

Isso é tudo da minha vida. Sobrou-me a poesia de um não amor.

Eu fui não amando, não amando, até não amar mais nem a mim.

Hoje eu sou a poesia que sai de mim: branca, sem rima, anêmica.

Eu, sem a poesia, ninguém me suportaria. Eu seria um andarilho

Sem uma gaita para assoprar; somente roupas sujas, abandono;

Um andante com uma gaita já teria uma beleza incomum; depois,

Se surgisse uma melodia ela seria eterna, uma música de Deus...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 03/11/2021
Código do texto: T7377702
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.