Caminhar entre raízes

Havia uma flor no jardim

Que não sabia pra quem olhar

Se olhava pro sol

Ou se queria o mar

Se abria a janela

Ou se fechava em capela

Era o jardim

das acácias da vida

Que faz ferida quando olha pro sol

sem olhar a lua

Que olha pro mar

sem achar a rua

Que olha pra estrada

sem ter onde passar

Que não teme amar

Mas tem medo do olhar

Então vamos resistir e viver em paz,

e entender que a luz que fere

comunga ao luar

Que o sol que ama

também pode queimar

Que a lua linda

é nosso padecer

E o nosso temperar

O padecer pode estar nas raízes

Que solitudem o extremo querer

Estar arraigado ao chão

E não perdem por se mover!

Então o andar pode estar

arraigado à luz

E à imensidão

Às sementes da vida

e à flora do chão

Ao viver despedida

e as mãos com ferida

Vão sofrer transformação

Vera Mascarenhas
Enviado por Vera Mascarenhas em 02/11/2021
Reeditado em 03/11/2021
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