Pássaro delicado

Um pássaro delicado,

vigoroso e de

cantar suave

Pousa em meu ombro para assistir ao

nascer da luz no

lampião do tempo.

Este pássaro é tão leve que

não o sinto:

E minhas espáduas seguem livres.

Quando me viro,

apressada,

Para contar as matizes

da aquarela de tuas

asas:

Somente o vento,

Que despertas ao teu alçar de vôo rumo ao

berçário do sol,

beija o canto de meu lábio sereno.

Teu canto é terno, como

o sopro da manhã que doira

a varanda da casa de minha avó:

mas somente posso rodopiar ao encanto

de tua música

Quando não suplico aos meus ouvidos para

capturá-la.

Entrego-me, repouso.

Sem pretensão de tua presença

Contempla-me a ternura de tua visita que

Silenciosa, a mim,

Ensina o segredo da vida,

O despertar da manhã em

meu coração.

Enlevo-me pelo canteiro de violetas que dançam em meu caminho.

Sei-me, e 'inda mais: sinto-me viva,

Capto toda a vida que se mostra dos céus

E do chão,

E que nem sempre sinto

Quando adormeço.

Não hei de, em vão inacerto,

Prendê-lo ao invólucro de meus braços,

Pois que isto decerto tuas brandas asas

Quebraria ou, dantes,

dar-te-ia tremenda vontade de alçar-se

Para onde a natureza

lhe oferta o todo firmamento para

rabiscar com o espiral de

tua grandeza.

Como amo

A vida que nasce da fonte perene de meu coração quando

Pousas em meu ombro,

Compreendo que

Só há seu livre desejo de repousar

Em meu ombro,

Quando tens para ti livre

Todo o infinito dos céus.

E, como grandemente amo tua existência,

Maravilhoso pássaro que encanta-me como

Encanta-me o canteiro de violetas,

Continuarei a amar tua existência

Em qualquer ombro que estiveres tu

a ensinar a Vida.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 24/10/2021
Código do texto: T7370632
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