Pássaro delicado
Um pássaro delicado,
vigoroso e de
cantar suave
Pousa em meu ombro para assistir ao
nascer da luz no
lampião do tempo.
Este pássaro é tão leve que
não o sinto:
E minhas espáduas seguem livres.
Quando me viro,
apressada,
Para contar as matizes
da aquarela de tuas
asas:
Somente o vento,
Que despertas ao teu alçar de vôo rumo ao
berçário do sol,
beija o canto de meu lábio sereno.
Teu canto é terno, como
o sopro da manhã que doira
a varanda da casa de minha avó:
mas somente posso rodopiar ao encanto
de tua música
Quando não suplico aos meus ouvidos para
capturá-la.
Entrego-me, repouso.
Sem pretensão de tua presença
Contempla-me a ternura de tua visita que
Silenciosa, a mim,
Ensina o segredo da vida,
O despertar da manhã em
meu coração.
Enlevo-me pelo canteiro de violetas que dançam em meu caminho.
Sei-me, e 'inda mais: sinto-me viva,
Capto toda a vida que se mostra dos céus
E do chão,
E que nem sempre sinto
Quando adormeço.
Não hei de, em vão inacerto,
Prendê-lo ao invólucro de meus braços,
Pois que isto decerto tuas brandas asas
Quebraria ou, dantes,
dar-te-ia tremenda vontade de alçar-se
Para onde a natureza
lhe oferta o todo firmamento para
rabiscar com o espiral de
tua grandeza.
Como amo
A vida que nasce da fonte perene de meu coração quando
Pousas em meu ombro,
Compreendo que
Só há seu livre desejo de repousar
Em meu ombro,
Quando tens para ti livre
Todo o infinito dos céus.
E, como grandemente amo tua existência,
Maravilhoso pássaro que encanta-me como
Encanta-me o canteiro de violetas,
Continuarei a amar tua existência
Em qualquer ombro que estiveres tu
a ensinar a Vida.