JANELA E O GATO

JANELA E O GATO

Não posso abri-me

Não posso deixar que ninguém

toque minha janela

Que dirá a porta Não sou sacada em seios

com brotos de hortênsias

Nem rosas perfumadas de outrora Não posso abrir-me

Pois você visitante tem-me

já tão sem perfume

no limbo de tuas lembranças

Não posso abrir-me

Pois o telhado é fosco

frio e nada quente

As paredes enrugadas

Não vais querer subir

Pois é gato seco

sem brilho em teus olhos

sem unhas, sem garras

Não me agarrarás

Sem aquele teu molhado pelo

que me açoitava.

Não mias mais em mim

Naquela casa tão pura

Jaz tão branca morada

Não posso abrir-me

É a verdade do tempo.

Cíntia Thomé

*Direitos Autorais

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 14/11/2007
Código do texto: T736597
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