TRANSFORMAÇÃO

Era noite em minha alma,

Em meu ser, em meu ego;

Era uma sensação estranhamente noturna,

Que me afligia, me dominava e me anoitecia!

Eu estava com os olhos tapados,

Com esse negrume imenso,

Que me dava a característica solitária,

Uma esperança mínima, de menor valor.

A inquietude se expande grossa,

Dá-me alívio breve, que aumenta a ansiedade,

Possuo um equilíbrio vago, muito pequeno,

Que aumenta essa sombra indesejada, inaceitável.

Quero luz, brilho, claridade, aurora,

Mas deparo com sombra, escuridão e noite;

Imagino cor, vida, movimento, alegria,

Só tenho descoro, morte, imobilidade e tristeza.

Desejo gritos, tumulto, agitação, calor,

Mas ao redor tudo é silêncio, pacatez e frio;

Quero sonhos, dias, espaço, tempo,

E vejo-me em pesadelos,

Penumbra, encurralado e ocupado.

Deliciar-me-ia com vozes, música, ternura, carinho,

Pois me sinto inaudível, insensível, desamado e carente;

Quero paixão, força, natureza, caridade,

Mas sofro com desamor, brandura, artificialidade e injustiça.

1.980