NIRVANA
No olhar extinto uma dor acode,
Um rouxinol grita na noite sombria...
…Pálidas notas desconsertadas...
Onde o frio se desintegra na metamorfose!
Uma velha coruja enlouquece no campanário
Longe das névoas da responsabilidade
infértil morre solitária!
Renuncia?
Que frio! Rasgo a carne para que o sangue
quente aqueça a elevação do espírito!
E o céu cobre-se de gritos...
Que frio! Onde estou? Onde estás?
Não vejo ninguém... A estrada desmoronou
Não tem caminhantes… onde estás?
Rouxinol que gritas, viste-a passar?
A loucura? Ah..a loucura renunciou ao trono!!
Imagino que as insanidades estejam em pânico…
Ah mestre do canto! Agora te compreendo!
Que espera dessa alma deserta?
O frio! Assume a tua metamorfose! Voa!
Já amei! Já sofri tanto! Que só me resta
ir para junto dos anjos ouvir-te cantar…
Sinto o teu estado de libertação!!!
As trevas caiem… o sangue estancou!
Olha o céu como está azul…são sonhos!
Sim…agora a morte já não é último conforto...
Não tenho mais frio!
Pobres dos amores que não sangram…que não gritam…
Soltos … frágeis e sujeitos aos elementos!
Se choro? Sim... da mesma forma que o rouxinol
sentiu essa necessidade...
Ahh…Olha como ele canta!
Na plenitude da sua paz interior!
Pálida e fria apenas a incapacidade de ser!